quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

A Bela e a Fera




Embora seja um livro póstumo de contos, A Bela e a Fera reúne os primeiros contos escritos pela autora, aos 14 anos, e dois dos últimos que escrevera, antes de sua morte, contrastando, assim, a evolução e maturidade em sua escrita. Já no início de sua carreira literária, percebe-se um esboço das características que acompanharão todas as obras de Clarice: o universo feminino, suas aflições, a mediocridade das relações humanas, uma reflexão constante em entender o sentido de sua existência. Como entender-me? Por que de início aquela cega interação? E depois, a quase alegria da libertação? De que matéria sou feita onde se entrelaçam mas não se fundem os elementos e a base de mil outras vidas? Sigo todos os caminhos e nenhum deles é ainda o meu. Fui moldada em tantas estátuas e não me imobilizei... (“Obsessão”, p. 59)


Analisando os seis contos da primeira parte, e os dois contos da segunda, nota-se nitidamente a evolução de sua escrita. Ainda que a temática mantenha-se a mesma ao longo de sua carreira literária, o modo como escreve, e, inclusive, seu vocabulário e formulação de frases, mudam – para melhor. Cerca de 35 anos separam as duas fases do livro, mas a essência de Lispector encontra-se fiel desde a primeira linha.

Um comentário:

Anônimo disse...

A Clarice é certamente uma das maiores escritoras que o Brasil já teve - mesmo sendo natural da Ucrânia. Não li esse livro, mas me deu vontade de ler, aprecio a sua prosa e o modo como ela demonstra as "minuciosidades" humanas, principalmente do universo feminino.