sexta-feira, 15 de junho de 2007

Clássicos da Poesia Brasileira




Em 1997, a Zero Hora lançou uma série de livros titulados "Biblioteca ZH". A proposta era proporcionar ao público em geral algumas das obras mais importantes da literatura nacional por um preço acessível. Além da óbvia intenção de lucro, existia a de expandir a cultura neste país tão escasso dela. De todos os lançamentos, acredito ser o de maior importância o dedicado à poesia brasileira anterior ao Modernismo.

Atravessando seis períodos literários - Barroco, Arcadismo, Romantismo, Parnasianismo, Simbolismo e Pré-Modernismo - e vinte autores reconhecidíssimos, o livro oferece os poemas mais conhecidos e os nem tanto de cada artista na íntegra, travando, assim, uma junção entre conhecimento e rememoração. Dentro da primeira periodização, lemos os poemas líricos e satíricos de Gregório de Matos Guerra, e apreciamos parte da obra de Botelho de Oliveira - não tão conhecido, ao menos aqui no sul. No Arcadismo, temos Cláudio Manuel da Costa e sua pastora Nise; Tomás Antônio Gonzaga com Marília de Dirceu e Cartas Chilenas; a poesia épica indianista de Basílio da Gama em O Uraguai; e, finalmente, Alvarenga Peixoto. O Romantismo é representado em suas três fases. Gonçalves Dias exalta a pátria no famoso Canção do Exílio e o indianismo em I-Juca Pirama. Álvares de Azevedo, Junqueira Freire (Estou cansado de vencer o mundo/Quero vencer o inferno - Desejo, Hora De Delírio), Casimiro de Abreu (Oh! que saudades que tenho/Da aurora da minha vida/Da minha infância querida/Que os anos não trazem mais - Meus oito anos) e Fagundes Varela representam a geração do Mal do Século, influenciados pelo Lord Bryon. O condoreiro Castro Alves e o excêntrico Joaquim de Sousândrade finalizam o capítulo.

A transcendentalização consiste na principal característica do Simbolismo. Dessa forma, a obsessão pela cor branca de Cruz e Sousa remete à busca pela purificação. Enquanto Pedro Kilkerry opta por uma poesia sintética e desconsertante, a de Alphonsus de Guimaraens, autor de uma das minhas poesias favoritas Ismália, é musical. O fechamento da leitura é dado ao sincretista Augusto dos Anjos (Se a alguém causa inda pena a tua chaga/Apedreja essa mão vil que te afaga/Escarra nessa boca que te beija! - Versos Íntimos).

Essa antologia cumpre o seu papel. Faz com que nós, leitores, busquemos outras obras para ler e que apreciemos mais nossa literatura em versos.

Faço das palavras do professor Frederico Barbosa - responsável pela apresentação da edição - as minhas: "Se o intuito desta coleção ímpar é ajudar a fazer do Brasil um país de leitores, o deste volume é o de estimular e possibilitar a leitura de poesia, tão desprezada entre nós. O nosso país não carece de poesia ou de sensibilidade. Se faltam leitores, é porque não lhes são dadas oportunidades como esta: acesso fácil ao que há de melhor. A semente está lançada".

2 comentários:

Anônimo disse...

Bala bala. gostei. To precisando ler coisas diferentes mesmo. Não cheguei a ter contato com esses livros :~~~~

adoro livros, mas tenho preguiça de lê-los.

Anônimo disse...

Bacana a idéia, mostra pra qualquer um, diferentes periodos da literatura, apresenta-lhes diversos autores e obras, dando uma boa noçao do q é abordado em cada periodo, dando abertura pra q cada um busque após essa leitura, algo q lhe interesse... Bem bacana, bem escrito e tudo mais, bejos