sexta-feira, 15 de junho de 2007

O desafio amazônico




Samuel Murgel Branco, biólogo e professor da Universidade de São Paulo, escreve sobre a riqueza da fauna e da flora amazônica, sobre os povos nativos, sobre a história da colonização e dos principais ciclos econômicos. Denuncia as atrocidades cometidas contra a floresta – destruição, desmatamento, queimadas, projetos governamentais mal planejados e mal sucedidos -, os riscos para um futuro não muito distante e apresenta alternativas para um desenvolvimento sustentável na Amazônia. Um ótimo livro, porém, infelizmente, um livro a respeito da ignorância da população brasileira, do descaso das autoridades governamentais e da cobiça do “explorador” amazônico.


De certa forma, os capítulos seguem uma cronologia. Os primeiros apresentam as características geográficas da região, seguidos pelo relato histórico dos primeiros exploradores e suas tentativas de colonização. As lendas e mitos – tanto indígenas quanto dos homens brancos – ganham um capítulo a parte.

Passando pelos principais ciclos econômicos, como o da borracha e da mineração, chegamos aos grandes problemas atuais enfrentados pela Amazônia. O despreparo e a total incompetência de alguns governantes levaram à idealização e à construção (?) de obras faraônicas, que, no fim, mais prejudicaram do que desenvolveram. Muitas das mais altas árvores da floresta possuem suas raízes proporcionalmente muito curtas. Suas bases de sustentação consistem em escorarem-se umas nas outras através de suas copas e ramagens. Ao desmatar, em uma obra, alguma área sem planejamento prévio ocorre um “efeito dominó”, algumas vezes ferindo, ou mesmo, matando trabalhadores, como aconteceu mais de uma vez ao longo da milionária Transamazônica. Outro exemplo de obra equivocada é a represa de Balbina, construída no rio Uatumã, ao norte de Manaus. Sem conhecimento da topografia do local, 2 mil e 300 quilômetros quadrados de mata foram inundados - prejudicando, inclusive, a fauna aquática – para uma quase inútil geração de energia elétrica: 200 megawatts de potência (compare com a Usina de Itaipu, que gera 12 mil).

Durante a década de 1960, o governo federal criou uma legislação que incentivava a ocupação da Amazônia e acabou promovendo equívocos em função da forma como esses projetos foram implementados. O norte brasileiro virou terra de especulação. Incentivos fiscais de até 100% para quem quisesse "empreender". O resultado foi a expansão do corte e exportação da madeira, aumento das áreas de produção de soja visando o mercado externo e implantação de grandes fazendas de gado, que reduziu a totalidade de mata nativa em detrimento das "áreas de pastagens".


O último capítulo é destinado à esperança: soluções são expostas. Investimentos em pesquisas de remédios, cosméticos e novos alimentos trariam lucro não só para o Brasil, mas também para todo o mundo. Plantações e criações de animais são possíveis, desde que haja um reflorestamento. Da mesma forma, é possível também a exploração de madeira, borracha, guaraná... São resoluções possíveis e viáveis economicamente, basta haver iniciativa e vontade.

2 comentários:

Anônimo disse...

"Leis imbecis" heheh pouco revoltada essa minha namorada! É o empreender é desmatar e prejudicar a natureza. E quanto as soluções, são muitas, pena que poucas ou nenhuma, são postas em pratica... Por isso que o país é o que é!

Gostei do texto, bejo :)

Anônimo disse...

Isto tudo nos leva a crer que mais uma vez interesses financeiros e políticos norteiam todas as decisões tomadas neste país. As alternativas para hoje, minimizar o caos, são muitas e possíveis. Só nos resta saber quem terá a coragem de empenhar-se para que isto realmente aconteça. Parabéns! Gostei do texto. Beijos.